quarta-feira, 13 de julho de 2011

CRÔNICA - Finalmente um jogo tradicional pra salvar o torneio. 'Paraguai x Venezuela'

      Depois de tantos jogos ruins, e sem muita emoção nesta Copa América, finalmente um jogo com "muita história pra contar" neste torneio. O jogo entre Paraguai e Venezuela, na cidade de Salta, acabou 3 a 3, com uma reação histórica dos venezuelanos para empatar o jogo. Até os 44 do segundo tempo, estava 1 a 1 para a seleção do "Chaco".
      Última rodada da primeira fase no grupo B da competição, com ambos os times se classificando para as quartas-de-final do torneio. Mas todos querem o primeiro lugar, lógico. (Têm que ser assim!). A Venezuela abre o placar bem no início do jogo, com um belo chute de Salomón Rondón de fora da área. Ainda no primeiro tempo, Alcaraz empata para o Paraguai após um bate-rebate na área da seleção Vinotinto.  No segundo tempo, parecia que o Paraguai iria deslanchar, após dois gols. Um de Lucas Barrios, e outro de Riveros. Mas a Venezuela, líder do grupo até aqui, conseguiu o empate. Aos 44 do segundo tempo, Nicolas Fedor (é isso, mesmo, Fedor) diminui após receber na entrada da área em posição irregular, mas o bandeirinha não assinalou nada, e o gol valeu. Isso mostra que a arbitragem no futebol, em todo mundo, ainda cheira mal. Mas aos 47 minutos, o lance do jogo, o goleiro Vega vai à área tentar o empate em lance de escanteio, e o improvável acontece. Assistência do goleiro. Vega escorou de cabeça, e o zagueiro Perozo empata o jogo, garantindo a liderança do grupo, pelo menos empatados com o Brasil, na pior das hipóteses. Os jogadores reservas da Venezuela beijaram a cabeça raspada do goleiro, como um sinal misto de sorte com gratidão. O Paraguai, que cedeu o empate no fim do jogo por duas vezes na primeira fase, classificou como o segundo melhor terceiro colocado.
      Enquanto a Larissa Riquelme não tá dando muita sorte pra sua seleção na Argentina, a Venezuela, sem mandar nenhuma das suas campeãs de Miss Universo ou Miss Mundo, ou Miss "o que quer que seja", mostra que deixou, há tempos, a alcunha de "saco de pancadas" do futebol sul-americano. Com um futebol, pouco envolvente (salvo em alguns momentos), mas com muita objetividade, conseguiu bons resultados na hora que foi necessário, e pela primeira vez, passa da primeira fase da Copa América jogando fora de casa. A aparição de alguns ídolos à parte na década de 90, como Dolgueta (artilheiro da Copa América em 1993), o goleiro Dudamel, que brilhou em clubes da Colômbia, e resultados mais expressivos nos anos 2000 (aqui surgiram Morán, Torrealba e Juán Arango) motivou jovens venezuelanos a se embrenharem em clubes pobres do país, ou em peneiras de grandes clubes europeus, para ingressarem no futebol, que não está nem entre os cinco principais esportes da Venezuela. Com isso, há alguns jogadores venezuelanos jogando em ligas importantes na América do Sul e na Europa. E como num "efeito cascata", o público de esportes na Venezuela passou a dar apoio e a acompanhar com mais carinho a seleção de seu país, dando-lhes o apelido de Vinotinto, por conta da cor de sua camisa. Já sediaram uma Copa América, que foi sucesso de público, e se calssificaram para um Mundial Sub-20, em 2009, quando passaram da primeira fase.
       Tudo que foi citado aqui só reforça a ideia de que só é bobo no futebol quem quer, e o emapte de 3 a 3 com os paraguaios (mais um capítulo dessa história de crescimento) mostra que, determinação, atitude e ousadia para aproveitar as chances que aparecem podem, perfeitamente, mudar uma história tragicômica em algo inspirador, que pode motivar muita gente a fazer algo de bom. A seleção brasileira deveria se tocar disso!

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