quinta-feira, 23 de junho de 2011

CRÔNICA - RC mostra na Rússia que, futebol é uma coisa, perseguição pessoal é outra

    Desde o século XV, já existem teorias tentando separar os homens pela sua origem étnica, dizendo que alguns grupos são superiores a outros. Mas no século XXI, não dá mais pra usar isso como justificativa para causar falta de respeito e constrangimento público a outras pessoas. Principalmente em espetáculos públicos, como em praças esportivas.
    O brasileiro Roberto Carlos foi vítima (mais uma vez) de racismo na Rússia, por parte de torcedores adversários após uma vitória do seu time, o Anzhi Makachkala, por 3 a 0. Outra vez, atiraram uma banana na direção do lateral-esquerdo multicampeão de futebol. Só que desta vez, ele reagiu. O jogo já estava no fim, falou com o árbitro sobre o que acontecia e abandonou o campo no meio do jogo, sendo apoiado inclusive pelo seu técnico. Na enterevista coletiva, cobrou das autoridades medidas rígidas contra o racismo e ressaltou que a Rússia vai sediar a Copa de 2018. Na Rússia, há um clube importante, chamado Zenit, que chega a proibir jogadores negros de atuar no clube.
   Roberto Carlos foi inteligente e agiu de maneira politizada, ao invés do Zinedine Zidane, que tomado pela raiva que tinha pelo zagueiro italiano Materazzi, cabeceou ele dentro de campo em uma final de Copa do Mundo. O que acontece dentro de campo no futebol é um 'mundo à parte'. O problema é que muita gente esquece que essa irracionalidade, que faz parte do esporte, pode ser utilizada por gente mal-intencionada para promover atos discriminatórios, crimes e hostilidades que não tem nada a ver com a diversão saudável que é um dos ideais que o esporte procura promover, até porque, se uma referência do esporte mostra desrespeito com colegas de profissão dentro de campo, isso poderá ser um motivador a mais para que torcedores (não apenas os marginais infiltrados) tomem atitudes que extrapolem o campo do esporte, criando desavenças voltadas ao campo da política e de problemas sociais.
   Se todo mundo se manifestasse mais como Roberto Carlos fez, muita coisa errada deixaria de acontecer ou, pelo menos, diminuiria de intensidade.   

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